Três astrônomos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), incluindo o taperense Charles Bonatto, podem colocar em seus currículos mais um grande feito no início deste ano. Com ajuda de um telescópio da Nasa, agência espacial americana, eles encontraram sete aglomerados estelares no halo galáctico. Trata-se de uma importante descoberta, aceita e publicada recentemente pelo periódico Astronomy & Astrophysics (A&A) – mas você deve estar se perguntando: "sete aglomerados estel... quê?".
Vamos lá: as estrelas não nascem sozinhas, elas vivem em conjuntos, que são os chamados aglomerados estelares. Esses aglomerados se formam a partir de densas nuvens de gás e poeira, geralmente observadas no disco da galáxia, onde está situado o sistema solar. Acreditava-se, até então, que o halo, parte mais periférica da Via Láctea, seria estéril, sem capacidade de gerar estrelas.
A descoberta dos sete objetos nessa região significa, portanto, a quebra de um paradigma há anos perpetuado pela ciência.
– No ano passado, já havíamos descoberto dois aglomerados a 16 mil anos-luz do disco, no halo. Como eram só dois, uma questão ficou em aberto: seria um evento episódico ou o halo estaria mesmo formando aglomerados estelares? Com esta pesquisa, mostramos que ele está em atividade. E a gente pode pensar que o halo, por estar formando estrelas, tem um papel mais importante na evolução da galáxia do que se pensava – afirma Denilso Camargo, coordenador da pesquisa no grupo de Astrofísica da UFRGS.
Foco na origem das nuvens de poeira
Abrem-se, assim, novos caminhos de estudo, cheios de outras questões a serem desvendadas. A mais importante frente da pesquisa agora é entender de onde vêm as nuvens de poeira que estão formando estrelas no halo, tão longe do disco galáctico. Pode ser que seja do próprio disco: estrelas muito massivas emitem ventos bastante fortes. Algumas delas podem até explodir, como as supernovas, jogando poeira para bem longe. Mas será que tão distante a ponto de chegar ao halo?
– Trabalhamos ainda com outras duas possibilidades: de que a poeira venha de detritos de galáxias anãs, que foram destruídas pela nossa. Ou que venha do meio intergaláctico. Só que infelizmente não podemos ainda dizer com certeza qual é a origem deste material, somente sugerir possibilidades – diz o pesquisador.
Talvez a resposta não demore muito a aparecer. O trio de astrônomos, do qual fazem parte também Eduardo Bica e Charles Bonatto, aguardam resultados do projeto Gaia, da Agência Espacial Europeia, que faz um censo das bilhares de estrelas existentes na Via Láctea, determinando com precisão magnitude, posição, distância e deslocamento de cada objeto analisado.
– A partir da velocidade destas estrelas encontradas, o que chamamos de movimento próprio, poderemos traçar as trajetórias delas. Estes dados nos permitirão retroceder, para saber de onde elas vêm e para onde vão – explica Camargo.Os três caçadores de estrelas já descobriram desde o início das pesquisas 1.101 aglomerados. E seguem contando, colecionando descobertas.
Parabéns aos pesquisadores Camargo, Bicca e em especial ao taperense Charles Bonatto!
Por: Bruna Scirea
Fonte - Diário Gaúcho
Postado por WM Internet
as 07:21
e tem
1 comentarios >
|
Simplesmente PARABÉNS!
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