Vem aí mais um escândalo. Desta vez, são as fraudes praticadas pela máfia dos remédios. Inquéritos da PF devem responsabilizar mais de cem pessoas este mês.

Apesar de necessária, a investigação gerou como efeito colateral um torniquete: para evitar mais sangrias aos cofres públicos, foram reforçados os mecanismos de controle. Distribuidoras fecharam e, em alguns casos, há dificuldade para encontrar medicamentos nos postos de saúde.

Duas salas inteiras da PF em Passo Fundo são usadas para guardar documentos das 300 investigações. Os processos correrão em separado no fórum de cada cidade. Os policiais afirmam que distribuidoras combinavam quem deveria ganhar a licitação e faziam uma proposta fechada para integrantes das prefeituras. As investigações apontam que esses servidores públicos recebiam propina de até 20% do valor da compra, para deixar a licitação ocorrer sem empecilhos.

O delegado que chefia as investigações, Américo Boff, mantém discrição e prefere não comentar o caso. Entre seus colegas há convicção de que serão incriminados secretários de saúde, funcionários e até prefeitos, por integrarem três diferentes grupos que fraudavam licitações, desviavam verbas públicas destinadas à compra de remédios e, em alguns casos, restringiam a distribuição desses produtos.

Algumas prefeitura envolvidas são a de Porto Velho, Sarandi, Mariano Moro, mas a PF apreendeu computadores em 28 municípios e rastreou contratos com suspeita de superfaturamento e fraude em licitações feitos em quase 300 municípios em sete Estados, sendo 119 no RS. Mais de 20% dos municípios gaúchos podem ter registrado fraudes na compra de remédios.

Sempre que se depara com uma notícia dessas o brasileiro se pergunta quantos irão para a cadeia e quando este dinheiro roubada voltará aos cofres públicos. Não devemos perder as esperanças, mas até quando vamos ver denúncias darem em nada? A fé tem limites e a paciência do povo também. O resultado dessa impunidade é uma imensa massa que não acredita em mais nada. E vota porque é obrigado a votar.